3.2.25

Como um anjo equilibrista


 







como um anjo equilibrista 

caminha devotado

entre o bem e o mal

sem que as suas mãos 

toquem em lugar algum

e os seus gestos se 

entreguem ao ritmo sincopado 

de uma dança tenebrosa

mas se esquece

que são suas pegadas no assoalho

que reverberam

todos os seus pecados



27.10.24

Ainda que seja

 






ainda que seja ave

desprovida de futuro

planando no céu

de quebradas nuvens


ainda que seja colheita

extraídas de silêncios

em searas de antiquadas

ternuras


ainda assim

a poesia é uma casa

onde mora o coração

e talvez

um certo desassossego

de inquebrantável

ironia


2019




17.4.24

9.8.23

Partir









partir
regressar
lentamente
como se meu corpo
fosse mar



 

31.10.22

Selva



deixo aqui um pouco desta luz que cega

e faz mover tudo em outra direção

deixo também algumas linhas tortas

sobre a poeira cinza da desolação;

quem sabe sacudindo

os lençóis deste abandono

encontre o seu destino

mas se não encontrar

tenho ainda a pele em branco

indiferente 

à devastação dos que chegam

pois 

existo nesta selva

onde o desejo 

é uma árvore aberta e entregue

a todos os delitos



Agora

 






agora que me tiraram tudo

serei eu como esse belo animal 

que aceita 

do infortúnio 

o inevitável (destino)

de apenas existir e morrer

todos os dias 

para sempre

de causas não naturais





11.9.22

7 de setembro

 





neste dia memorável

numa esplanada cheia de sol 

regressaram antes do tempo

os girassóis